domingo, 26 de junho de 2011

MELHOR MADRINHA DE GUERRA NÃO HÁ

Há uma prática dos Gabinetes de Atendimento às Mulheres e Crianças Vítimas de Violência Doméstica na polícia moçambicana que é no mínimo surpreendente.
 As vítimas, depois de três dentes quebrados, um olho arrombado e um braço ao peito, vão à polícia fazer queixa e esta, em vez de proceder ao acto, dá-lhes uma intimação para entregarem ao agressor.
Portanto, elas entregam ao marido violento a prova da sua delação.
Muitas delas depois não chegam a ter tempo de passar de novo pela polícia, vão directamente para o hospital.
É o que me lembra o comportamento de Mário Soares: depois duma campanha de corpo e alma ao lado de Sócrates, como musa pretérita, porque «aquele» era a melhor solução para o país, agora, declarou: o PS precisa de «ser refundado» e de voltar a`que «se leve a política a sério».
Esta gente não pesa as palavras?
Afinal, em crónicas políticas, em comícios, procurou o ex-presidente convencer-me de quê, durante a campanha eleitoral? A seriedade não era o que havia antes? Ele, que esteve iniludivelmente ao lado do seu camarada Sócrates, em comícios, com a mãozinha ao alto, a caucionar o candidato, insinua agora que o ex-líder do PS não levava a política a sério, e que desvirtuou o espírito do Partido?
O Sócrates lembra-me a incauta espancada que, fragilizada, de boa-fé, entregou ao Marocas a folhinha da intimidação.
Fica no ar a ideia de que Mário Soares estaria refém, e que, quinze dias depois, chegou o momento para “delatar” a verdade: depois do uppercut eleitoral, o Grão Fundador do Partido, aplica o nocaute psicológica.
Se o PS tivesse ganho as eleições punha-se do mesmo modo a necessidade de «refundar» e de voltar ao debate político «sério», isto é, a uma acção política não exclusivamente comandada pelo oportunismo e a necessidade de manter o poder?
Mário Soares mostra mais uma vez que é um sobrevivente mas o modo como quer tornar póstumo o seu tempo político às vezes, para ser simpático, causa-me um pastoso fastio.

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